sábado, 16 de maio de 2009


Já era noite, e eu a caminho de um lugar qualquer. Feliz.., hoje não sei bem se era como eu me sentia. Mas eu estava bem! Eu estava em paz.., poderia dizer assim. Aguardava o carro que me levaria a uma noite divertida, como muitas outras que passei. Não havia me dado conta de quanto tempo havia se passado e eu parada naquele lugar. O suficiente, para uma mulher se aproximar, e conversar comigo como alguém jamais havia conversado. Conversa de uma mulher desconhecida, de uma mulher que é mãe, mãe da amiga, mãe desconhecida... Ela não se importou em eu ser amiga íntima da filha dela, de nem saber se eu sou confiável. Ela precisava de alguém pra falar... Pra dizer o que estava sentindo. Ela procurava uma resposta, uma solução, uma ajuda. Era tudo súplica... Era história e era súplica. Uma narração confusa, depressa, assustada, e sem fim. Era uma descrição insistente, como se eu não entendesse o que se dizia, e de fato, eu não entendia... Eu ouvia atenta, interessada, preocupada, confusa, compreendia mas não entendia. Não entendia porque não vivia, não vivia o que se dizia. Não era real. Eu sentia, mas não vivia. Um golpe quase fatal...
Aquela mãe, esposa, estranha e conhecida... conhecida, porém, desconhecida. Ela estava seca de lágrimas. Mas, sofria. E o que eu pude entender. Não era nada. Não era a filha, não era o marido. Não era o amante... Não era o amor, não era o desejo, não era medo... O que era? Não era nada. Ela queria chorar, mas não haviam lágrimas. Ela queria sorrir, mas esqueceu como se faz. Ela buscava alguém que a pudesse entender, mas ninguém podia. Não podia a ciência, não podia a fé. Não podia ninguém. Nem ajudar... O que havera acontecido com aquela mulher? Não entendia... E hoje, depois de tanto tempo... Depois de tantos anos... Eu entendo. Eu sei. Apesar, de que, eu não sei o porque. Não sei pra quê. Não sei de onde. Pra onde... Não sei. Voltar a ela pra dizer que sei? Que entendo? Que eu sinto? Que eu vivo? E que não posso ajudar? Não dizer nada... Penso se ela já sabe o que é. Se ela já não vive mais aquilo. Se ela já não vive... Dizer, dizer... E ela não ouvir. E não dizer nada, e não fazer nada. Nem olhar pra mim. Mas eu sei o que ela sentia, eu sei. Será que eu mesma busquei? Será que... Melhor não antecipar possíveis fatos. Ninguém deve entender. Só quem vive, pra saber.

"É um rasgar-lhe a carne inexistente,

Cutucar-lhe a ferida,

Sufocar brutalmente teu grito,

Implorando uma lágrima que em ti não mais habita."

Alba Santos.

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